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Compactação de solo agrícola e sua descompactação

  • 30/10/2019

A migração da colheita sem a participação da queima, saindo da manual para a mecânica, promoveu uma mudança profunda no cultivo da cana de açúcar.

O uso de tratores, veículos, colhedoras de alto peso operando em uma cultura semi perene, onde se colhe várias safras na mesma cultura acarretara compactação do solo.

Dessa forma, caso não sejam tomados os cuidados necessários durante o preparo do solo, irá ocorrer redução na produtividade e na longevidade da mesma, interferindo diretamente nos custos de produção.

Trata-se de um dos fatores redutor de produtividade que se responsabiliza pela baixa produtividade que o setor vem experimentando atualmente.

Solos com mais de 15 % de argila, colhidos mecanicamente por um ciclo ou mais, frequentemente apresentam compactação.

Quanto maior o teor de argila do solo maior será o risco de compactação.

Quanto maior ao grau de umidade do solo por ocasião das operações agrícolas, maior será a compactação provocada pelos equipamentos que ali operam.

Por outro lado, safras longas, onde boa parte da colheita se processa com solo úmido agravam esse quadro.

Independentemente das condições climáticas, do ambiente de produção, dos recursos de natureza técnica, material e financeira disponíveis nas empresas, a redução da compactação se constitui numa pratica que está em nossas mãos e é capaz de preservar a produtividade e a longevidade da cultura.

Compactação de solo agrícola:

Um solo ideal apresenta 45 % de partículas minerais (areia, silte e argila), 5 % de matéria orgânica e 50 % de porosidade. 

A porosidade é responsável pela retenção da água e do ar no solo. Sem ar e água as plantas não conseguem se desenvolver. O ar é tão importante ou até mais importante que a agua para o desenvolvimento das plantas.

Os microporos, aqueles menores que 30 micra, são responsáveis pela retenção da água e os macroporos, aqueles maiores que 100 micra, são responsáveis pela retenção do ar. Da porosidade total, um solo ideal possui 30% de macroporos e 70% de microporos.

Na mecanização da cultura o transito de tratores, veículos e colhedoras provocam a compactação do solo.

A pressão dos pneus dos equipamentos que transitam na lavoura exerce uma força no solo de cima para baixo, provocando uma redução da porosidade do solo. Com a redução da porosidade, a retenção da água e do ar do solo é reduzida. Essa ocorrência reduz o desenvolvimento das raízes e consequentemente da cultura.

Além disso, camadas de solo compactadas, dificultam a penetração das raízes, tornando-as menos abundantes e mais superficiais. Nesse caso as raízes se tornam achatadas. O achatamento é a forma que a raiz encontra para se desenvolver entre as camadas compactadas.

 A infiltração das aguas de chuva também é reduzida em solos com camadas compactadas. Somando-se menor retenção de agua de chuva, menor aeração, sistema radicular reduzido e superficial, fica fácil entender as consequências negativas que a compactação traz para a cultura.

A forma de mitigar essa ocorrência é realizar um preparo profundo do solo, mobilizando o solo abaixo da camada compactada.

Existem métodos laboratoriais e práticos para determinar se existe compactação no solo e a que profundidade do perfil se localiza.

Os penetrômetros e mesmo os penetrógrafos são pouco precisos, pois apresentam resultados variáveis em função do teor de agua do solo.

Os métodos laboratoriais são mais precisos, porem mais complexos e demandam tempo.

Uma forma simples e confiável de se avaliar a existência de camadas compactadas é a tradicional trincheira, onde se compara a velocidade de infiltração de um volume conhecido de agua a cada 10 cm de profundidade em relação à velocidade de infiltração no horizonte situado abaixo de 60 cm de profundidade. Esse procedimento é valido para solos com mais de 15 % de argila. Quando o tempo de infiltração da água no horizonte pesquisado for de 2 a 3 vezes maior que aquele localizado abaixo dos 60 cm há evidências de adensamento nesse perfil e acima de 3 vezes, de compactação.

Argissolos exigem outro procedimento, embora muito semelhante. Como a compactação foi provocada por uma força exercida de cima para baixo, a descompactação exigira uma força com vetor no sentido contrário, ou seja, de baixo para cima e isso somente será possível mediante o uso de subsoladores com sapatas aletadas.

Descompactação do solo – Subsolador com sapatas aletadas

O uso de subsoladores com sapatas sem aletas na descompactação de solos, apresenta uma eficiência muito baixa (não maior que 30 %).

Veja perfil do solo trabalhado com subsolador sem aletas. Nota-se que não houve mobilização do solo em todo perfil na profundidade desejada e sim apenas onde passou a haste. Convém destacar que nesse caso a haste do subsolador operou a mais de a 60 cm de profundidade, sem, contudo mobilizar o solo em toda sua extensão.

A tensão provocada pela sapata não foi suficiente para o efeito interferência da haste provocar o cisalhamento de todo o perfil do solo na profundidade necessária.

A forma mais adequada de se descompactar o solo é mediante o uso de subsoladores com sapatas aletadas.

Essas sapatas aletadas não são comumente encontradas, no entanto podem ser desenvolvidas.

Exige precisão nos ângulos de inserção horizontal e notadamente vertical das aletas na sapata.  Para total mobilização do solo, o comprimento das aletas deve ser igual à distância entre as hastes.

Critério para instalação de aletas em sapatas de subsoladores:

  • ângulos de inserção de 30 a 40 graus
  • ângulo em relação á horizontal de 15 a 18 graus
  • ângulo maior que 18 graus exigem maior potência;
  • ângulo menor que 15 graus promovem menor mobilização do solo

Em função do teor de argila, da umidade no solo no momento da subsolagem e do grau de compactação, será necessário de 50 a 70 CV por haste. Cerca de 30 % da potencia necessária será consumida pela haste ao cortar o solo. Dessa forma quanto mais haste o subsolador possuir mais potencia será consumida inutilmente, ou seja, sem descompactar. Dai a importância do uso de aletas.